O Plano de Negócios

Importância do Plano de Negócios

Da ideia à prática vai uma grande distância. Para os empreendedores, por norma, a dificuldade não está na definição da ideia de negócio, mas sim na sua implementação. As ideias surgem, algumas sensacionais, mais ou menos originais, mas não é esta a principal característica de um empreendedor. O empreendedor apenas assim é considerado quando concretiza. E a concretização pode estar à distância de um bom plano de negócios (PN).

O PN consiste num documento que descreve não só a ideia de negócio, mas acima de tudo e indispensavelmente o planeamento da estratégia que irá ser aplicada para que a ideia seja convertida em atividade comercial. O quê? Porquê? Como? Quem? Quando? Onde? Quanto? Estas são algumas das principais questões às quais deve responder um PN. Este documento permite também demonstrar a potenciais investidores a viabilidade para obter lucro. “Ao expor estatísticas, previsões, factos, imagens e detalhes, novos negócios vêem aumentada a probabilidade de atrair investidores, que poderão ceder o capital necessário para que a atividade comercial seja implementada com sucesso”.

A dimensão de um PN é variável, podendo o mesmo ser sintetizado numa única página ou, no caso de um PN mais formal, ultrapassar as cem páginas. De acordo com a revista Entrepreneur, a dimensão típica de PN varia entre as 15 e as 20 páginas. William Sahlman, professor emérito da Universidade de Harvard, sugere que um bom PN é aquele que se foca em 4 factores de sucesso críticos de qualquer novo negócio: As pessoas, a oportunidade, o contexto e as perspectivas associadas a riscos e recompensas. Segundo o autor, as questões relacionadas com o capital humano, e que deverão ser respondidas pelo PN giram em torno de três aspetos: O que sabem? Quem conhecem? O quão são conhecidos? Sem a equipa certa, nenhuma outra secção do novo negócio é mais relevante.

A dimensão de um PN é variável, podendo o mesmo ser sintetizado numa única página ou, no caso de um PN mais formal, ultrapassar as cem páginas. De acordo com a revista Entrepreneur, a dimensão típica de PN varia entre as 15 e as 20 páginas. William Sahlman, professor emérito da Universidade de Harvard, sugere que um bom PN é aquele que se foca em 4 factores de sucesso críticos de qualquer novo negócio: As pessoas, a oportunidade, o contexto e as perspectivas associadas a riscos e recompensas. Segundo o autor, as questões relacionadas com o capital humano, e que deverão ser respondidas pelo PN giram em torno de três aspetos: O que sabem? Quem conhecem? O quão são conhecidos? Sem a equipa certa, nenhuma outra secção do novo negócio é mais relevante.

Um bom PN não é fácil de desenvolver, refere Sahlman, muito por culpa da visão ultra otimista dos empreendedores.

ESTRUTURA DO PLANO DE NEGÓCIOS

Todo e qualquer PN deverá incluir pelos menos as 9 problemáticas abaixo descritas:

Sumário Executivo

Descrito amplamente como uma das mais importantes secções de qualquer PN, uma vez que apresenta muito sucintamente todo o documento e será a primeira leitura a ser efetuada pelo potencial financiador. Deverá ser claro, atrativo e expor brevemente quais os riscos e recompensas para o investidor, que poderá ganhar interesse e avançar para a leitura das restantes seções do documento. Um sumário executivo mal elaborado poderá retirar ao investidor o interesse sobre o PN. Importa relembrar que potenciais investidores são por norma pessoas com pouco tempo disponível, não tendo muitas vezes a disponibilidade necessária para a leitura dedicada de um extenso documento. Isto, claro está, a não ser que a primeira seção do mesmo (Sumário Executivo) desperte fortemente o interesse do leitor. Um sumário de uma página poderá ser o suficiente para o leitor formar uma opinião acerca do novo negócio.

Pontos a incluir no Sumário Executivo:

    • Qual o nome do negócio e a sua área de atividade?
    • Qual a missão?
    • Qual é o âmbito do negócio e o mercado potencial para os seus produtos?
    • Porque constitui uma proposta inovadora e vencedora?
    • Quais os recursos, humanos e financeiros que são necessários?
    • Qual o prazo previsto para começar a apresentar lucros?
    • Quais são os pontos fortes e fracos do projeto?
    • Quais as suas referências e a sua experiência relevante para o projeto concreto?

Missão e Visão

Na qual se explicita e articula aquilo que o empreendedor pretende criar. O que pretende proporcionar a potenciais clientes e qual a visão de longo prazo para a atividade. O que fazemos? Como fazemos? Onde queremos chegar?

DESCRIÇÃO DA EMPRESA E DO PRODUTO OU SERVIÇO

Tal como as próprias palavras sugerem, nesta seção deverá der fornecida a tipologia do produto e/ou serviço a ser comercializado, bem como informação detalhada sobre a empresa em causa.

VANTAGEM QUE CLIENTES TERÃO EM ADQUIRIR O PRODUTO OU SERVIÇO, FACE A PRODUTOS OU SERVIÇOS CONCORRENTES

 Um dos principais erros na elaboração de um PN prende-se com o facto de o empreendedor não dar a devida relevância aos factores distintivos do seu negócio, face a negócios similares. Esta é também uma fase do PN de grande relevo para o leitor. Porque devo investir na marca X, quando a marca Y faz exatamente o mesmo? O que as diferencia? Com consumidores cada vez mais exigentes, e com o crescente aumento de competição nas mais diversas indústrias, será importante que o novo negócio se diferencie dos demais ou, no caso de ser apenas mais um correrá o risco de ser asfixiado pela concorrência. Os factores diferenciadores deverão sê-lo de tal forma que a concorrência não os consiga replicar facilmente, e não estacionários no horizonte temporal, encontrando-se em constante mutação. O investidor astuto não irá financiar um projeto que possa facilmente ser replicado por qualquer outro empreendedor.

Análise de Mercado

Que discuta o mercado onde se pretende entrar, concorrentes, público alvo, o posicionamento do novo negócio e uma previsão do market share que o novo negócio poderá alcançar. Realista, não otimista. Quais os pontos fortes e fracos da concorrência? Quais as falhas do concorrentes para os quais o novo negócio terá a solução?

Marketing Mix

Este capítulo deverá incluir informações relativas à política de preços praticada, canais de distribuição utilizados e a forma como o produto ou serviço será promovido. Isto para além de informações especificas sobre o produto ou serviço. Estes quatro tópicos são amplamente designados por 4Ps. Quatro pilares fundamentais que compõem qualquer estratégia de marketing para alcançar um público: Price (preço), place (distribuição), product (produto) e promotion (promoção).

Para o caso de se tratar de um novo serviço, o espectro de planeamento de uma estratégia de marketing adequada deverá ser alargado e incluir informação sobre pessoas, processos e evidência física. Sendo desta forma incluídos não apenas os 4Ps tradicionais do marketing mix, mas os 7Ps do marketing mix de serviços: Price(preço), place (distribuição), product(produto), promotion(promoção), people(pessoas), process(processo) e physical evidence(evidência física).

O marketing mix constitui-se como seção fundamental de qualquer PN. Por mais excelente que o novo produto ou serviço seja face à concorrência, a excelência de nada servirá se as pessoas não souberem da sua existência.

Importa ainda destacar a importância da informação sobre política e estratégia de preços a adoptar, uma vez que esta se constitui como a única variável do marketing mix que não está associada a custos. A produção do produto ou fornecimento do serviço implica custos, bem como a sua distribuição e promoção. Informação sobre preços é, desta forma, muito relevante.

Análise SWOT

Quais as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças de e para a empresa? Esta análise permitirá uma noção mais realista da envolvente interna e externa da empresa. Forças que poderão ser fonte de vantagem competitiva, fraquezas que poderão ser reduzidas, oportunidades que possam ser exploradas e ameaças para as quais a empresa poderá estar melhor preparada para responder.

Análise Financeira

Numa análise financeira ao PN, surgem 5 pontos de extrema importância:

  • O Investimento necessário;
  • A Viabilidade Financeira e o Break Even (também conhecido como “linha d’água” e “ponto crítico”);
  • As formas de Financiamento do Projeto: o Capital Social, a Banca e outros;
  • O Período de Retorno do Investimento;
  • Barreiras financeiras à entrada e à saída.

O Investimento Necessário não é mais do que a soma de todos os custos, de carácter não repetitivo, que o empreendedor/empresa terão, mas que se convertem: em ativos, isto é, na compra de edifícios e terrenos (não rendas), trespasses e outros royalties (comissões de franchisings, por exemplo) mobiliário diverso (estantes, máquinas registadoras, programas de software comprados/desenvolvidos, computadores, cadeiras, mesas, etc.); ou na valorização de ativos, como por exemplo investimentos em materiais de construção e pagamento de serviços (para obras de adaptação e remodelação dos espaços, design e outra decoração de interiores, etc.). Estes custos são de vital importância, quer por serem avultados, logo serem um encargo difícil de suportar ao empreendedor, quer por serem considerados elegíveis a outras formas de financiamento que não apenas o dinheiro próprio, aspeto que será abordado nas formas de financiamento. Por motivos óbvios, estes investimentos deverão ser feitos o mais próximo possível do momento de abertura do negócio ao público, caso contrário, pode incorrer em custos desnecessários e/ou deterioração das condições por falta de uso e manutenção, até ao momento de abertura (por exemplo humidade nas paredes que estragam a decoração, royalties a acumular, etc.), desde que não se menospreze uma margem de segurança para atrasos que ocorram nas obras e decoração. (Não marque datas de eventos de abertura antes de saber se consegue mesmo abrir o espaço na referida data!)

A Viabilidade Financeira, como o nome indica, é crítica para a decisão de criação ou não do negócio. Este indicador demonstra se a continuação da atividade gera lucros ou prejuízos. Um negócio que de início apresente prejuízos operacionais, isto é, na execução das tarefas do dia-a-dia, não deverá ser iniciado (nas condições averiguadas), pois irá originar dívidas para o empreendedor. A notar que quando se realiza um plano de negócios de uma forma muito otimista, sem verificação da realidade do local e conhecimento do mercado (não só potenciais clientes, mas da concorrência), o mais provável é obter um mapa de Viabilidade Financeira atrativo, mas o empreendedor apenas se está a iludir a si próprio, porque a realidade rapidamente chama o empreendedor à razão, tornando-se esta uma das principais razões para, segundo as diversas fontes estatísticas, cerca de metade das empresas fecharem ao fim de um ano e um total de quase 80% fecharem ao fim de 3 anos. Este indicador corresponde ao “lucro” gerado, isto é, corresponde à diferença entre a soma de todos os ganhos (faturação das vendas de produtos e/ou serviços) e de todos os custos operacionais, isto é custos de caráter repetitivo e proporcionais à atividade, nomeadamente: salários, encargos sociais, impostos, custos na compra da mercadoria/matéria-prima (CMVMC - custo da matéria vendida e da matéria consumida), encargos financeiros (juros de empréstimos e respetivas amortizações), custos com o FSE - Fornecimento de Serviços Externos (isto é, serviços contratados: água, luz, combustíveis, alojamentos, rendas, serviços de manutenção, serviços de contabilidade e de contencioso/aconselhamento legal, telecomunicações, materiais administrativos /economato, serviços de publicidade, avenças de software de faturação, serviços de higiene e segurança no trabalho, entre muitos outros serviços gerais e/ou específicos do negócio).

O ponto em que as saídas de capital (dinheiro) é igual às entradas de capital corresponde ao tal ponto crítico / Break Even mencionado.Como referido, qualquer negócio necessita de capital investido para preparar espaço, colocar o “recheio” e começar a desenvolver a sua atividade. Desta forma, este investimento tem que ser financiado. As formas mais comuns de financiar um negócio são: através de Capital Próprio, isto é, o próprio dinheiro pessoal do empreendedor que é investido (entrando como Capital Social, isto é, “convertendo o dinheiro a investir em dinheiro da empresa”), ou com recurso à Banca, por empréstimos bancários e/ou outras linhas de crédito disponíveis. As linhas de crédito mais comuns são o MicroInvest (Microcrédito e Invest+, que apoiam os empreendedores desempregados a criarem o seu próprio emprego, sendo linhas de crédito bonificadas e com juros máximos de empréstimo de 3,5% com 2 anos de carência). Outras linhas de crédito são provenientes de fundos comunitários, como por exemplo os projetos SI2E e Empreendedorismo Criativo, ou através do próprio IEFP no seu programa PAECPE (Programa de Apoio ao Empreendedorismo e à Criação do Próprio Emprego, em que os empreendedores podem recorrer às prestações do subsídio de desemprego de uma forma única e na sua totalidade, como capital para investir na criação da própria empresa).

No entanto, apesar das mais-valias e facilidades que estes programas/projetos apresentam, nada obriga a que se recorra aos mesmos, assim como nada garante que paguem a totalidade do que é esperado. De facto, quase todos os programas pagam “Investimento”, isto é, os custos mencionados no conceito de Investimento Necessário, não os custos com serviços externos e custos operacionais (por exemplo, stocks iniciais, salários, rendas, etc.), o que nos leva ao conceito seguinte.

O Período de Retorno do Investimento. Este período não é mais do que o tempo que vai demorar até aos lucros que o negócio vai gerando igualem os custos que o negócio teve para iniciar. Por norma as linhas de crédito, em particular as mencionadas, são pagas em 5 anos, com dois anos de carência (em que apenas se pagam juros), no entanto, outros tipos de empréstimos a título pessoal e/ou empresarial pelas instituições bancárias, poderão ter outras condições e outros períodos de amortização da dívida.

Barreiras à entrada e à saída existem outros fatores financeiros que, apesar de serem menos relevantes, não devem ser descurados, em particular:

  • O custo no momento da criação da empresa (que no mínimo, no regime de registo de “empresa na hora”, com apenas 3 CAEs - Códigos de Atividade Económica, e um nome escolhido no momento do registo na Conservatória, pagam-se 360 Euros) e qualquer alteração posterior obriga ao pagamento de 200 Euros (acrescidos de 70 Euros sempre que seja necessário um parecer específico);
  • A proteção de um nome comercial/marca no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) que, para um mercado nacional cobra aproximadamente 126 Euros;
  • O momento em que o crédito bancário é concedido são cobradas taxas e imposto de selo (não contabilizados no próprio crédito bancário)
  • No caso de uma empresa não ter sucesso, os custos de manutenção da empresa aberta até poder encerrar (que poderá demorar anos, consoante as condições de financiamento e os programas a que se tenham feito candidaturas), e em particular em serviços de aconselhamento jurídico e contabilístico.

Entre muitos outros, que deverão ser tidos em conta, como precaução, para evitar surpresas e dificuldades agravadas.

Projeções de Resultados

Deveram ser incluídas previsões sobre o volume de vendas para 3 a 5 anos. Nesta seção, o otimismo poderá ser o maior inimigo de qualquer empreendedor. Deverão ser elaboradas previsões o mais realistas possíveis e, para que não se cometam erros de sobre valorização do crescimento do negócio, e que poderão revelar alguma falta de noção por parte do empreendedor resultando em conclusões enviesadas do PN. Aqui sugere-se que possam ser incluídas mais do que um previsão de resultados, mais concretamente uma previsão de crescimento nulo, uma pessimista e uma outra otimista. Cada potencial investidor terá a sua forma característica de avaliar o potencial de um negócio, podendo o empreendedor desta forma aumentar as probabilidades de as projeções irem de encontro ao perfil do leitor. Não existem dois investidores iguais, e se alguns preferirão projeções mais neutras, outros poderão basear os seus investimentos em projeções mais pessimistas.

Por último, importa referir que o plano de negócios deve ser encarado como um documento em constante atualização. Desta forma serão refletidas as necessidades e desafios que o negócio enfrenta num determinado momento. Acontece que muitas vezes o empreendedor falha em adaptar o plano de negócios à realidade económica, que tem implicações diretas e indiretas em toda e qualquer atividade comercial, em constante flutuação. Isto para além de a experiência adquirida com o decorrer de atividade, que permitirá também melhorar o próprio documento, à medida que o mesmo vai sendo consolidado com base na realidade e não em pressupostos.


Fontes Consultadas

  • Sahlman, W. (1997). How to write a great business plan. Harvard Business Review.
  • (2017). How to Write a Business Plan. [online] URL: https://www.entrepreneur.com/article/247575 [Acedido a 17 Nov. 2017].
  • Managementstudyguidecom. (2017). The 7 P's of Services Marketing. [online] URL: http://www.managementstudyguide.com/seven-p-of-services-marketing.htm [Acedido a 17 Nov. 2017].
  • Nos.pt. (2017). Guias Práticos | Plano de Negócios: Ferramentas e Exemplos - NOS. [online] URL: http://www.nos.pt/empresas/repositorio-informacao/criar-uma-empresa/guias-praticos/Pages/plano-de-negocios-ferramentas-e-exemplos.aspx [Acedido a 17 Nov. 2017].
  • Smallbusiness.chron.com. (2017). What Is the Importance & Purpose of a Business Plan?. [online] URL: http://smallbusiness.chron.com/importance-purpose-business-plan-760.html [Acedido a 30 Out. 2017].